Vanguarda Paulista (também Vanguarda Paulistana) foi o nome dado a um movimento cultural brasileiro ocorrido na cidade de São Paulo entre 1979 e 1985.
O rótulo foi criado por jornalistas e críticos musicais da cidade, tanto por seu aspecto de vanguarda, quanto, no caso da segunda denominação, como referência a um dos templos onde os experimentalistas apresentavam suas obras:
o Teatro Lira Paulistana, situado na rua Teodoro Sampaio,
bairro de Pinheiros, e que posteriormente transformar-se-ia
em selo musical e editora.
Principais destaques
As principais figuras da Vanguarda foram Itamar Assumpção , Arrigo Barnabé
(o qual, entretanto, nunca se apresentou no Lira Paulistana) e Grupo Rumo.
A volta deles havia diversas cantoras, tais como Suzana Salles, Tetê Espíndola, Eliete Negreiros, Vânia Bastos e Ná Ozzetti, cantores como Hermelino Neder,
e grupos como o Premeditando o Breque e Língua de Trapo.
Alternativos e independentes
A Vanguarda Paulista marca também a consolidação do chamado "disco independente" (surgido no Brasil na primeira metade dos anos 1970.
Embora não tenha sido um gesto deliberado,
Arrigo Barnabé bancou a produção do seu LP inaugural,
Clara Crocodilo, por falta de interesse das grandes gravadoras.
A partir daí, "produções independentes" tornaram-se marca
registrada dos "alternativos" da Vanguarda.
Sucesso de crítica
Embora em geral tenha sido bem recebida pela crítica especializada, a Vanguarda Paulista jamais foi o que se poderia chamar de sucesso de público.
Restrita aos nichos alternativos, seus produtos eram consumidos por universitários e "descolados" em geral da cena paulistana. Presumivelmente, um dos nomes do período ainda lembrados pelo grande público é o da cantora Tetê Espíndola, a qual depois de suas apresentações com Arrigo Barnabé no início dos anos 1980, seguiu carreira-solo e apresentou-se seguidas vezes em programas de auditório populares.
Porém,seu auge seu deu em 1985 quando venceu o Festival dos Festivais com a canção Escrito nas Estrelas. O Língua de Trapo também se apresentou e foi finalista nesse mesmo festival com a canção Os Metaleiros Também Amam, a canção mais vaiada pelo público, mas, de longe, a mais engraçada.
O Teatro Lira Paulistana, também conhecido como Lira Paulistana ou Lira,
foi um teatro e centro cultural da cidade de São Paulo.
Com nome tirado da obra homônima do escritor Mário de Andrade, o Lira foi fundado em 25 de outubro de 1979 em um porão com cerca de 150 lugares localizado na Praça Benedito Calixto, na Rua Teodoro Sampaio 1091,
no bairro de Pinheiros na Zona Oeste de São Paulo.
Além de teatro propriamente dito, também foi palco de diversos tipos de manifestações culturais, dentre estas a famosa Vanguarda Paulista que era composta de nomes como
Ná Ozzetti, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Cida Moreira, Eliete Negreiros, Zé Eduardo Nazário, de grupos musicais alternativos como Língua de Trapo, Rumo, Grupo Um e Premeditando o Breque, o regional Grupo Paranga e, mais tarde, dos grupos de rock da década de 1980 tais como Ira!, Ultraje a Rigor, Titãs, Violeta de Outono.
Em 17 de março de 1985, os grupos de hardcore punk paulistas Cólera e Ratos de Porão, fizeram o show de lançamento do álbum de estréia do Cólera, Tente Mudar o Amanhã. Esse show ficou registrado no álbum Ao Vivo no Lira Paulistana,
lançado no mesmo ano pelo selo Ataque Frontal.
O Lira encerrou suas atividades em 1986,
mas entrou para a história cultural paulistana.
Documentário e celebrações
Em 2009, foi lançado um documentário em comemoração dos 30 anos de
fundação do Lira Paulistana.
Em 6 de dezembro do mesmo ano, ocorreram shows com artistas que tocaram no Lira para marcar a ocasião. Participaram desse evento os músicos Arrigo Barnabé e Passoca,
além dos grupos Língua de Trapo, Anelise Assumpção & Isca de Polícia e Premê.
Selo Lira Paulistana
O Lira também se notabilizou pelo seu selo fonográfico pelo qual
lançou vários discos do membros da Vanguarda Paulista.
Foram ao todo dezesste discos, sendo que alguns foram lançados
em conjunto com o selo Continental.
Principais artistas a se apresentarem no Lira Paulistana
A cara de São Paulo, o movimento trouxe músicos e compositores
do Brasil inteiro. Aqui apresentamos não só a vanguarda nascida nos anos 1980
como também suas raízes e frutos.
Alice Ruiz
Alzira Espíndola
Arnaldo Antunes
Arrigo Barnabé
Cid Campos
Cida Moreira
Dante Ozzetti
Eduardo Gudin
Hélio Ziskind
Itamar Assumpção
Jorge Matheus
Jussara Silveira
Língua de Trapo
Lucina
Luhli
Luiz Tatit
Luli & Lucina
Marlui Miranda
Mônica Salmaso
Ná Ozzetti
Passoca
Premeditando o Breque (Premê)
Roberto Riberti
Suzana Salles
Tetê Espíndola
Vânia Bastos
Virgínia Rosa
Walter Franco
Zé Miguel Wisnik
Eliete Negreiros
Zé Eduardo Nazário
Língua de Trapo
Rumo
Grupo Um
Grupo Paranga
Ira!
Ultraje a Rigor
Titãs
Violeta de Outono
Ratos de Porão
Cólera
Excomungados
Discografia
Selo Lira Paulistana
Marcha sobre a Cidade. Grupo Um, 1979
Beleléu, Leléu, Eu. Itamar Assumpção, 1980.
Às Próprias Custas S/A. Itamar Assumpção, 1981.
Summertime. Cida Moreira, 1981*
Língua de Trapo. Língua de Trapo, 1982.
Poema da Gota Serena. Zé Eduardo Nazário, 1982
Flor de Plástico Incinerada. Grupo Um, 1982
Cabelos de Sansão. Tiago Araripe, 1982
Chora Viola, Canta Coração. Grupo Paranga, 1982
Pau Brasil. Grupo Pau Brasil, 1983
Abolerado Blues. Cida Moreira, 1983**
Diletantismo. Rumo, 1983**
Quase Lindo. Premeditando o Breque, 1983**
Freelarmônica. Freelarmônica, 1983**
Como Essa Mulher. Hermelino e a Football Music, 1984
Patife Band. Patife Band, 1985
Em conjunto com o selo Áudio Patrulha
**Em conjunto com o selo Continental.
Álbuns gravados no Lira Paulistana
Ao Vivo no Lira Paulistana - split-LP c/Ratos de Porão e Cólera
(LP, 1985, Ataque Frontal)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe Sua Opinião!