sábado, 8 de maio de 2010

" VII - FIC FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO 1972 "













O 7º Festival Internacional Da Canção foi realizado no maracanãzinho em 1972.
No VII FIC, a direção já não era de Augusto Marzagão e sim de Solano Ribeiro e alguns fatos marcaram este último festival, como o afastamento do júri, ordenado por militares insatisfeitos com a entrevista dada por Nara Leão.
Naquele ano, aconteceram várias inovações: Entre elas a de que seriam duas as representantes do Brasil, na fase Internacional. Diálogo, composta por Baden Powell e Paulo César Pinheiro, foi uma delas sendo interpretada por Cláudia Regina e Tobias.
Em 1972, até Galo do FIC, originalmente criado por Ziraldo, mudou e foi substituído por uma nova imagem.



















O VII FIC, teve mil novecentas e doze músicas inscritas e trinta classificadas, durante a Fase Nacional. Ali aparecia um jovem talento: Raimundo Fagner. A primeira semifinal, aconteceu em 16 de Setembro de 1972 e entre as 15 músicas estava Quatro Graus, composta por Fagner e Dedé.


















O festival de 1972 já começava com duas novidades empolgantes: seria o primeiro transmitido a cores e Solano Ribeiro, o homem por trás dos melhores festivais, seria seu organizador. Quando as músicas foram apresentadas, parecia que tudo ia engrenar. Havia compositores novos e talentosos, além de intérpretes que criaram imensa expectativa.
Por estar novamente à frente de um grande festival, Solano foi chamado pela censura federal. Talvez por precaução. E conta como foi sua empreitada:


"Nós fomos naquele prédio com um mobiliário sombrio, aquelas coisas estranhas, parecia até um ritual macabro, fomos recebidos por um senhor lá que era um chefe de censura, chefe da polícia, sei lá o que ele era, mas eu sei que ele era a autoridade. Pra estar sentado daquele jeito... E a gente lá sem saber o que ía acontecer. Então, ele falou: 'vocês não precisam se preocupar, eu não quero saber das letras. O Dr. Roberto é muito cuidadoso com as coisas, então a gente dá plena confiança e sinal aberto pra vocês. A única coisa que eu gostaria de colocar é a seguinte: essa vai ser a primeira transmissão de TV a cores. Com relação a parte nacional, eu não me preocupo. Acho que vocês podem ficar tranquilos. Mas com relação a parte internacional, eu vou pedir um favor a vocês pra não darem planos muito próximos, nem planos médios. Usem plano aberto ou close. Porque, vocês estão sabendo, as cantoras internacionais vem todas com esse vestido transparente. E um seio a cores é muito mais voluptuoso'. Eu fui obrigado a ouvir isso."
Muitos artistas importantes apareceram neste festival: Raul Seixas mostrou as caras nacionalmente com "Let me Sing, Let me Sing" (Raul Seixas / Edith Wisner); Oswaldo Montenegro, com 16 anos, classificou "Automóvel", que seria defendida por Os Três Morais;Sérgio Sampaio, projetou "Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua';
Alceu Valença apareceu com a sua "Papagaio do Futuro" e cantou com Geraldo Azevedo e Jackson do Pandeiro; Fagner e Belchior também estavam classificados. Nara Leão seria a presidente do júri. Tinha tudo pra dar certo.

Mas duas canções, bem diferentes entre sim, despontaram no gosto dos jurados. A primeira foi defendida pela promissora Maria Alcina: "Fio Maravilha" (Jorge Benjor) incendiou o Maracanãzinho e botou todo mundo pra dançar. A outra era uma música sofisticada e experimental chamada "Cabeça" (Walter Franco), com Walter Franco, que foi vaiada pelo público e exaltada pelos jurados.



Tudo corria bem até Solano receber uma ordem bombástica:
"eu tive um grave problema:


















Nara Leão tinha dado uma entrevista ao Jornal do Brasil falando muito mal dos militares. E, como o Boni me dava total carta branca, eu coloquei a Nara como presidente do Júri. Fizemos as eliminatórias e quando chegou a final, veio uma ordem da TV Globo: 'a Nara não pode mais participar do festival'. Eu falei: 'mas como? Agora? Falta só a final, aconteceram as eliminatórias'. Eles bateram o pé: 'Não, não pode. É ordem do Dr. Roberto.'Eu fiquei bestificado. 'Mas peraí, nós estamos recuperando o nome do festival, nós estamos recuperando a credibilidade, agora vocês vão jogar isso tudo no lixo'. Eles foram firmes: 'Não tem discussão, isso veio uma ordem de algum escalão militar lá, ela não pode mais aparecer'. Eu fiquei uma noite inteira discutindo com o Otávio Castro Neves, que era o diretor do festival geral. Eu era diretor da parte nacional, e dava uns pitacos na parte internacional. Mas ele que era o diretor de tudo. Eu falei: 'bom, se a Nara vai sair, eu também saio. Eu não posso aceitar isso porque isso vai jogar por terra todo o trabalho feito aqui, o trabalho estava bem feito.' Aí depois de uma incansável noite onde eu fui massacrado, me rendi, mas falei: 'tem uma condição, eu exijo que a gente tire a Nara e o júri inteiro.' Como a música brasileira ia ser julgada pra competir junto com as músicas internacionais, vamos botar um júri internacional pra julgar. Ok, eles aceitaram essa minha imposição, e o que eu esperava? Que aquilo viesse à tona pra poder dizer o que tinha acontecido. Porque eu não podia tomar a iniciativa, pegar o meu assessor de imprensa e dar essa história, era impensável, eu era o diretor do festival. Nesse momento, acontecia que uma série de pessoas estavam lá trabalhando ao redor do Walter Franco, com "Cabeça". Quando isso veio à tona, isso foi interpretado – gente que estava interessada (era o empresário do Walter Franco, gente que estava politicamente achando aquilo uma manifestação, o pessoal de vanguarda e tudo mais) - então eles levantaram que aquilo tinha acontecido pra dar a vitória pra Maria Alcina. Que aquilo foi uma engrenagem preparada pra tirar o Walter Franco. Isso era uma grande bobagem, porque todas as músicas, ao fazerem inscrição, tem que assinar um termo de compromisso dando à Globo o direito de fazer um disco, enfim, de explorar o residual e o resultado do festival. Ou seja, tanto fazia pra Globo que ganhe essa ou aquela música. Não existia interesse específico nem em determinado artista nem em determinada música. E isso levou totalmente a atenção da imprensa e de todo mundo. Então o que veio à tona é que fizeram uma sacanagem pra prejudicar o Walter Franco, o que não é verdade. Até o Roberto Freire subiu no palco do Maracanãzinho com um manifesto pra ler lá e foi tirado pelo segurança. Porque num espetáculo desses não se pode ir pro palco com um papel ler manifesto. Mas então se desviou completamente o pólo do problema pela alegação de que aquilo era uma intenção da Globo pra promover uma das músicas."



Roberto Freire tentou subir no palco para ler um manifesto de desagravo dos jurados pela destituição do júri nacional. Conseguiu ler as primeiras palavras, mas foi agarrado e espancado nos camarins. Nara Leão liderava os demais jurados, que ameaçaram subir juntos no palco. Boni, diretor da TV Globo, agiu rapidamente: leu o manifesto, editou algumas partes e autorizou a leitura. O texto dizia que o júri selecionara "Cabeça" e "Nó na Garganta" e que não se conformava com sua dissolução.


Neste festival foram revelados nomes como: Ednardo, Fagner, Belchior, Alceu Valença, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Hermeto Pascoal, Raul Seixas, Renato Teixeira, Sirlan, Paulo César Pinheiro, Rildo Hora, Ruy Mauriti, entre muitos outros compositores e intérpretes, que juntos aos mais conhecidos como: Jackson do Pandeiro, Marlene, Os Mutantes (Rita Lee / Arnaldo / Sérgio / Liminha). Fizeram a festa.
E em análise mais detalhada, Jorge Ben antes de ser "descoberto" pelos tropicalístas, teve neste festival seu ápice.


Para um FIC que prometia tanto no começo, o saldo não foi tão empolgante assim. "Fio Maravilha" e "Diálogo" (Baden Powell / Paulo César Pinheiro), cantada por Baden, Tobias e Cláudia Regina foram selecionadas para a fase internacional. Nessa segunda fase, "Fio Maravilha" ficou em segundo, graças ao empenho de Solano Ribeiro, mais uma vez, em defender a idoneidade do resultado: havia um boicote para Maria Alcina ficar em primeiro. Quem levou o primeiro lugar foi o americano David Clayton Thomas, com "Nobody Calls me a Prophet".


CLASSIFICAÇÃO DAS 12 FINALISTAS DO VII FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO POPULAR

(FASE NACIONAL)


1. VIVA ZAPATRIA (Sirlan - Murilo Antunes de Oliveira) SIRLAN



















2. LET ME SING, LET ME SING (Edith Nadine Seixas - Raul Seixas) OS LOBOS















3. DIÁLOGO (Baden Powell - Paulo Cesar Pinheiro) RENATA E FLÁVIO



4. CARANGOLA (Fauzi Arap - Fototi) MARLENE


5. A VOLTA DO PONTEIO (Roberto Lourenço da Silva - Roberto Ferreira dos Santos) OS ORIGINAIS DO SAMBA
















6. SEREAREI (Hermeto Pascoal) ALAÍDE COSTA

7. FIO MARAVILHA (Jorge Ben) MARIA ALCINA

8. NÓ NA CANA (Ari do Cavaco - Cezar Augusto) ELSON E MIRNA


9. EU SOU EU, NICURI É O DIABO (Raul Seixas) OS LOBOS


10. EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA (EUSTÁQUIO SENA)SÉRGIO SAMPAIO



















11. MANDE UM ABRAÇO PRA VELHA (Os Mutantes) CORAL SOM LIVRE

12. CABEÇA (Walter Franco) EUSTÁQUIO SENA

3 comentários:

  1. la final internacional de el VII FIC 1972 es muy estraña , realmente no se porque solo se menciona a David Claython thomas y no nombran a Nino Bravo quien quedo de segundo lugar y empatando en puntos con David Clayton, creo que intentan borrar lo que paso en esa final en el que el jurado norteamericano desempato votando por el norteamericano "david Clayton thomas" cosa que es ilegal en un festival un jurado votar por su propio pais asi no tendrian sentido los festivales , Nino Bravo quedo en el Nº2 con la cancion MI TIERRA ,en realidad bajo lo legal Nino Bravo fue el ganador de la face Internacional , y quisas unas de las causas que acabaran con el festival ya que ocurrio casi lo mismo en la face nacional de ese mismo festival de 1972. Gracias y Saludos!

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  2. faltou testículo para dar o premio ao verdadeiro ganhador, NINO BRAVO... estos brasileiros como sempre covardes.... sim, brasileiro é xenofobista,... brasilerio só dá oportunidades a quem tem grana ....

    BRAVO NINO, VIVES NO CORAÇÃO DOS JUSTOS !!!

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  3. Viva Zapatria com Sirlan!!!!Musica inesquecível.Carreira barbaramente interrompida pela ditadura!!!!

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